Fotos

sexta-feira, 25 de março de 2011

Revolta dos Mercenários


Bandeira da revolta dos Mercenários

1828 - REVOLTA DOS MERCENÁRIOS
Pouco conhecido na história do Brasil, o episódio da Revolta dos Mercenários, ocorrido em junho de 1828, no Rio de Janeiro, durante o governo de D. Pedro I, constituiu-se numa sublevação de tropas militares compostas por mercenários alemães e irlandeses. Iniciada em 09 de junho, ela foi reprimida quatro dias depois por soldados brasileiros e populares, entre os quais se incluíam muitos escravos capoeiristas da cidade.

Existem três versões sobre as causas que provocaram o conflito: na primeira delas, tudo aconteceu porque os mercenários não teriam recebido da coroa os valores em dinheiro que haviam sido combinados com eles; na segunda, o movimento estaria associado a um complô envolvendo Manoel Dorrego, governador de Buenos Aires, e os alemães Federico Bauer e Antonio Martín Thym, cujo objetivo seria o seqüestro e morte de Pedro I, e a proclamação da independência de Santa Catarina (Brasil - Segredo de Estado, Sérgio Corrêa da Costa, páginas 17-29); enquanto a terceira, pode ser encontrada no Compêndio da História Militar Terrestre do Brasil, do Ministério da Defesa, site www.resenet.com.br, sendo a mais completa e verossímil.

Segundo ela, tudo começou quando o major Francisco Pedro Drago determinou que um de seus soldados mercenários fosse castigado com 100 pranchadas de espada (golpe que se dá com a folha da arma). Como seu subordinado não concordou em receber tal punição, o major mandou que o amarrassem e lhe aplicassem 200 pranchadas, ao invés das 100. Revoltados com isso, os colegas de farda do castigado dirigiram-se ao palácio imperial, no bairro de São Cristóvão, pretendendo apresentar queixa contra o oficial e pedir sua demissão imediata, mas não conseguiram nenhum resultado. Bem que o brigadeiro Joaquim Thomas Valente, conde do Rio Pardo (ilustração) e comandante das Armas da Corte (atual 1ª Região Militar) tentou acalmá-los, mas alguns dos amotinados mais exaltados dirigiram-se à residência do major, na atual rua Marechal Floriano, e passaram a depredá-la, para depois incendiá-la.

A partir daí, e nos dois dias seguintes, os mercenários praticaram todo o tipo de desordem e confusão, culminando por invadir e tomar conta do ministério do exército, instalado no prédio que existia onde hoje funciona o Palácio Duque de Caixas, no campo de Santana, do qual o conde do Rio Pardo conseguiu escapulir pulando por uma janela. Ali eles arrombaram o almoxarifado, apossaram-se das armas que encontraram e se entrincheiraram nos cômodos que lhes ofereciam maior proteção, aguardando os acontecimentos. No dia 12, o comandante das Armas ordenou que as forças legais investissem à baioneta contra os rebeldes, procedimento que contou com o apoio de marinheiros franceses e ingleses cujos navios se encontravam atracados no porto, de populares e escravos que convocados na emergência, ali compareceram armados, e da brigada de artilharia da Marinha, da ilha das Cobras (a qual também acabaria se revoltando três anos mais tarde, sendo pacificada pelo Batalhão Sagrado e Guardas Municipais Permanentes, num evento onde Caxias teve papel decisivo), situada ali perto. Ao final do confronto, 12 mercenários estavam mortos, e 50 deles feridos.

O incidente provocou, de imediato, a demissão do ministro da Guerra, seguida pela dos demais ministros que se solidarizaram com ele, exceção feita ao marquês de Aracati. Posteriormente, após a abdicação de D. Pedro I, os batalhões de estrangeiros foram extintos.

Criados em 18 de janeiro de 1822, eles eram constituídos inicialmente por dois batalhões de Caçadores Alemães e dois de Granadeiros, sendo que um deles, o 28º de Caçadores, também se amotinou no dia de Natal de 1828, por estar com o seu pagamento atrasado. Na época, a segurança do Rio de Janeiro ficara a cargo do Batalhão de Granadeiros Estrangeiros, aquartelado no atual Palácio Duque de Caxias, e o 27º Batalhão de Caçadores Alemães, os “diabos brancos”, instalados na Praia Vermelha.

Nenhum comentário: